A ordenação de mulheres ao pastorado (assim como ao diaconato e presbiterato) não é unanimidade entre as igrejas evangélicas. Em algumas denominações, há sérias restrições quanto ao ministério feminino, proibindo-as de exercer cargos de liderança. Essa visão destoa dos princípios bíblicos.

É fato que o Apóstolo Paulo, em suas epístolas, faz algumas restrições às manifestações das mulheres na igreja. Contudo, antes de generalizarmos essas recomendações paulinas, é necessário analisarmos a situação feminina na cultura oriental. Ainda hoje, as mulheres são vistas como seres inferiores, sem voz ativa, sendo comercializadas, proibidas de estudar, sair às ruas ou mesmo se mostrar. Essa visão cultural justifica, em grande parte, a atitude do Apóstolo, pois a igreja precisava de credibilidade diante de uma sociedade majoritariamente gentia; instituir mulheres como líderes não seria uma atitude sábia para a obra missionária.

Na Bíblia, encontramos mulheres exercendo várias atividades eclesiais, como servirem à igreja (diaconisas), evangelistas, profetisas, pregadoras, obreiras, entre outros. Diante de tantos exemplos, é impossível negar o chamado e a unção de mulheres ao pastorado. Inclusive, o mover do Senhor é uma realidade em nossos dias. Mesmo que não houvesse nenhuma citação na Bíblia endossando o chamado feminino, isso ainda seria aceitável, desde que revelado pelo Espírito Santo de Deus, o verdadeiro edificador da igreja.

A seguir, apresento uma série de atividades exercidas por mulheres, conforme as Escrituras:

1. Serviram ao Senhor e à Sua igreja:

   • Lc 1.30-38: O anjo visita Maria, mãe de Jesus, anunciando que ela conceberá o Salvador.
   • Rm 16.1-6: Paulo recomenda Febe, diaconisa, e menciona Priscila, Áquila e Maria, que trabalharam pelo evangelho.
   • Fp 4.3: Paulo exorta seu companheiro de trabalho a ajudar duas irmãs que colaboraram na pregação do evangelho.
   • 2Rs 4.9,10: A mulher sunamita reconhece o profeta Eliseu como homem de Deus e cuida dele.
   • Mt 26.12,13: Jesus elogia a mulher que ungiu seu corpo para o sepultamento.

2. Profetisas:

   • Miriã (Ex 15.20), Débora (Jz 4.4), Hulda (2Rs 22.14), Noadia (Ne 6.14), Ana (Lc 2.36) e as filhas de Felipe (At 21.9) foram todas reconhecidas como profetisas.

3. Juíza instituída por Deus em Israel:

   • Débora (Jz 4.4), que também era juíza em Israel.

4. Obreiras:

   • Priscila ensinou com zelo o caminho de Deus, ao lado de seu marido, Áquila (At 18.26; Rm 16.3).

5. Diaconisa:

   • Febe, diaconisa da igreja de Cencréia, é recomendada por Paulo (Rm 16.1,2).

6. Evangelistas:

   • A mulher samaritana levou muitos a Cristo após seu encontro com Ele (Jo 4.27-29).
   • Fp 4.3 menciona duas mulheres que colaboraram para espalhar o evangelho.

7. Pregando aos judeus no templo:

   • Ana, que falava sobre o menino Jesus a todos os que aguardavam a redenção de Jerusalém (Lc 2.37,38).

8. Presentes na primeira reunião de oração:

   • At 1.14 menciona que as mulheres, a mãe de Jesus e os irmãos d’Ele se reuniam em oração com os discípulos.

9. Pastorado como dom:

   • Ef 4.11 mostra que o pastorado é um dom dado por Deus, assim como o dom de profeta, sem restrições de gênero. O que realmente é necessário é uma vida santa e pura diante de Deus.

As restrições estabelecidas por algumas igrejas em relação às atividades de mulheres como líderes derivam de entendimentos humanos. O que Deus quer para Sua igreja são homens e mulheres santos, puros e cheios do poder do Espírito, independentemente de sexo.

“Vocês, porém, não vivem como manda a natureza humana, mas como o Espírito de Deus quer, se é que o Espírito de Deus vive realmente em vocês. Quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele” (Rm 8.9).

Pr. Elias Rios