“Quem, pois, conheceu a mente do Senhor?” (Rm 11.34)
A Bíblia é um livro que nasceu no coração de Deus, ditado a homens puros pelo Espírito Santo, e contém uma mensagem totalmente espiritual, direcionada a um povo especial, escolhido pelo próprio Deus para viver uma realidade diferenciada da dos demais povos.
Os ensinamentos do Espírito Santo jamais devem ser questionados; eles são, na verdade, para serem cumpridos no dia a dia. Infelizmente, ao longo dos milênios, muitos homens criaram teses e teorias teológicas que deturparam a palavra santa, incluindo ensinamentos falsos e danosos. A existência do Purgatório é um bom exemplo.
O lugar denominado Purgatório, segundo o catolicismo, não é um nível intermediário entre o Céu e o Inferno, mas um local de purificação onde ficam as almas das pessoas que morreram em estado de graça—isto é, salvas—mas que ainda precisam se preparar para ver Deus nos Céus. Sua existência foi teorizada no pontificado do Papa Gregório I, em 593, com base no livro de 2 Macabeus 12.42-46 (um livro apócrifo que consta na versão católica da Bíblia). Em 1439, no Concílio de Florença, a doutrina foi aprovada e confirmada posteriormente, em 1563, no Concílio de Trento.
A Palavra Divina, em sua totalidade, nos apresenta apenas dois destinos eternos: Céu e Inferno, ambos na dimensão espiritual. O Céu é destinado àqueles que perseveraram nas doutrinas estabelecidas por Deus, enquanto o Inferno é para os desobedientes às verdades bíblicas.
Medite nestes textos:
a) “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.” (Dn 12.2)
b) “Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.’ Disse, porém, Abraão: ‘Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.’ Então, replicou: ‘Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.’ Respondeu Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.’ Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.’ Abraão, porém, lhe respondeu: ‘Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.’” (Lc 16.19-31)
c) “Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?… Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos… Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer; e, quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado. Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra, a dos animais, outra, a das aves, e outra, a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor. Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.” (1 Co 15.12,21,35-42)
d) “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.” (1 Ts 4.16)
Em lugar algum, a Bíblia faz referência ao Purgatório ou à existência de um local de purificação pós-morte.
1 – Céu:
Na visão dos judeus, o Céu era simbolizado pelo Santo dos Santos e era a Casa de Deus e dos anjos. O Senhor Jesus Cristo era originário deste Céu e para lá voltou após a ressurreição (“Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir.” At 1.11) e em breve retornará à Terra (“Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.” 1 Ts 4.16). Paulo foi levado a este Céu (“Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe).” (2 Co 12.2).
A falta de entendimento sobre as coisas espirituais, e a incapacidade do homem em compreender a “dimensão espiritual” na qual o Senhor se encontra, bem como o Seu reino, geram diversas ideias extremamente pobres sobre o paraíso. Entre elas:
- O Céu é um lugar vazio, onde todos ficarão “boiando” no espaço, em uma eternidade cansativa.
- O homem será desprovido de entendimento e vontade.
- A memória será apagada, perdendo-se a identidade pessoal.
- Não reconheceremos uns aos outros.
- Entre outras.
É preciso compreender que o Senhor Deus vive em uma “dimensão” espiritual, totalmente diferente da que vivemos, física e dependente do tempo. O Pai habita em uma região onde as coisas existem, numa comparação pobre, tão palpável quanto as que existem aqui neste planeta; porém, em uma magnitude incompreensível até para as mais brilhantes mentes humanas. Paulo diz: “…arrebatado ao Paraíso e ouviu palavras indizíveis, as quais não é lícito ao homem referir.” (2 Co 12.4). É necessário que nossa mente seja aberta e que cresça a ideia de quão magnífico é o Senhor; Suas obras são poderosas e perfeitas. O Céu é um paraíso, maravilhoso demais para ser descrito por palavras humanas, preparado exclusivamente para aqueles que permaneceram firmes nas promessas de Salvação. Nos Céus, seremos eternamente felizes; estar diante do Todo-Poderoso e contemplar Sua glória e amor será o nosso prazer. A contemplação da glória do Senhor Jesus nos fará entender a extensão do sacrifício e quanto Ele nos amou; em nosso peito arderá o desejo de “gastarmos” a eternidade em louvores infindáveis ao Rei dos Reis.
O Céu é prometido àqueles que são fiéis às ordenanças de Deus:
a) “Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (Jo 14.2)
b) “Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono.” (Is 66.1)
O Céu é:
a) Um lugar eterno:
“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” (2 Co 5.1)
“O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino.” (Sl 45.6)
“O teu reino é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste por todas as gerações. O SENHOR é fiel em todas as suas palavras e santo em todas as suas obras.” (Sl 145.13)
b) Um lugar de felicidade:
“Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente.” (Sl 84.4)
“E enxugará de seus olhos toda lágrima; e já não haverá morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” (Ap 21.4)
c) Um lugar de segurança:
“E o que há de vir, virá e não tardará.” (Hb 10.37)
“Mas não será assim com o justo; ele é como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e suas folhas não caem; e tudo quanto fizer prosperará.” (Sl 1.3)
“Porque eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19.25)
d) Um lugar de paz:
“Assim, pois, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8.1)
“O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.” (Sl 46.7)
e) Um lugar de adoração:
“E, quanto a mim, estarei na tua presença; eu, em teu nome, levantarei as minhas mãos.” (Sl 63.4)
“Porque o Senhor é grande e mui digno de louvor, mais temível do que todos os deuses.” (Sl 96.4)
f) Um lugar de comunhão:
“E eu, se for levantado da terra, atrairei todos a mim.” (Jo 12.32)
“E, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros.” (1 Jo 1.7)
g) Um lugar de recompensa:
“E, eis que venho sem demora, e comigo está a minha recompensa, para dar a cada um segundo a sua obra.” (Ap 22.12)
“Como é grande a tua bondade, que reservaste aos que te temem e que, na presença dos filhos dos homens, usas de proteção para eles!” (Sl 31.19)
Em contrapartida, o Inferno é um lugar de castigo eterno:
a) “Por isso, o Inferno alçou a sua cúpula, e abriu a boca sem medida; e lá descerão os nobres e o povo, e o que se regozijava nela.” (Is 5.14)
b) “E todos os ímpios serão como a palha que queima; o dia que vem, ardendo como um forno, e todos os soberbos e todos os que cometem impiedade serão como a palha; e aquele dia que vem os abraçará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.” (Ml 4.1)
c) “E o diabo que os enganava foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde já estavam a besta e o falso profeta; e serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.” (Ap 20.10)
d) “E quem não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.” (Ap 20.15)
2 – Inferno:
A separação eterna de Deus:
“E também a todos aqueles que não são crentes, ou seja, os que não reconhecem a autoridade de Deus. Em vez de serem preenchidos pelo amor de Deus, serão preenchidos pela condenação, dor, tristeza e terror de estar longe de Deus para sempre.”
Condições infernais:
“E há muitos que supõem que o Inferno é uma sala de tortura, onde as pessoas podem ver o que estão perdendo; e isso faz com que sintam dor, mas não há dor maior do que ser separado eternamente do amor do Pai. Além da dor que sentem, também sofrerão a dor da consciência, pois sabem que deveriam ter feito a escolha certa, mas não o fizeram.”
3 – Conclusão:
Assim, a noção do Purgatório é uma invenção humana, sem base na Escritura. É crucial que nos aprofundemos na Palavra de Deus, buscando a verdade e vivendo de acordo com ela, para que possamos ter a certeza de que, ao final de nossa jornada, estaremos com o Senhor na glória do Céu. Que a luz de Deus nos ilumine, e que nunca nos afastemos de Sua palavra e promessas.
Pr Elias Rios