Reflexões sobre a Oração e a Vida Espiritual
Muitos pegam a Palavra do Senhor e escolhem as partes mais agradáveis (ressaltando que tudo o que vem do Senhor é bom!), colocando-as em prática. No entanto, esquecem de observar a Palavra por inteiro e, como resultado, vivem vidas doentes, secas, tristes e vazias. Para preencher essas lacunas, correm para as coisas do mundo, adaptando-as e usando-as como complementos na vida espiritual. Esses são, na verdade, homens vazios que não conhecem verdadeiramente a Deus, não têm intimidade com Ele e não acreditam que isso possa acontecer, pois veem Deus como alguém distante, praticamente inatingível. Conhecem-No apenas de ouvir falar, mas o contato real é inexistente.
Quando O conhecemos verdadeiramente, descobrimos que o Senhor não está restrito às páginas da Bíblia; Ele vive e age como agiu nos tempos bíblicos. O que falta são homens puros, santos e totalmente dispostos a pagar o preço de ser amigos do maior inimigo do mundo. Ao nos tornarmos amigos d’Ele, conhecemos Sua forma de agir, que em muitos casos difere das práticas comuns aos homens. Um exemplo é o Rei Davi, que, ao trazer a arca de Obede-Edom para Jerusalém, demonstrou uma alegria e comunhão com o Espírito Santo tão grandes que dançou entusiasticamente, levando muitos a desprezá-lo, inclusive sua esposa Mical (2 Samuel 6:10-23). Hoje, isso não mudou muito: pastores, autoridades e membros da igreja pecam por não compreenderem que devemos ser voluntários e totalmente maleáveis nas mãos do Espírito Santo, corajosos o suficiente para seguir em frente, lembrando que somos SERVOS, portanto desprovidos de vontade própria. Existimos para obedecer, jamais para julgar a forma de agir de Deus.
Atualmente, vivemos em meio a uma geração de crentes que são escravos, infelizmente não do Senhor, mas das muitas ocupações e afazeres. Um fato que ilustra isso ocorreu quando Jesus chegou à casa de Marta e Maria. Ao entrar, Maria correu e sentou-se aos Seus pés, ouvindo Seus ensinamentos e exortações. Já Marta estava muito mais preocupada em oferecer uma boa hospedagem ao Mestre e foi repreendida (Lucas 10:38-42). Muitos pecam exatamente por querer fazer muito para o Senhor e esquecem de parar para sentar-se com Ele, ouvir Sua voz e alegrar-se em Sua companhia. É necessário nosso envolvimento com os afazeres, mas deve haver equilíbrio em todas as coisas.
Lembro-me dos muitos crentes que passam horas estudando a Palavra, aprendendo grego, aramaico, e enchendo suas mentes com técnicas diversas de interpretação. Mas esquecem que isso pouco importa; o que Deus considera é um coração sincero e puro diante d’Ele. Na verdade, Ele abomina aqueles que desejam “estudar a Deus”, pois, como Ele mesmo afirma:
“Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.” (Mateus 11:25). E ainda:
“Porque quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi Seu conselheiro?” (Romanos 11:34). Portanto, não devemos perder tempo com coisas dispensáveis. Vamos sim, ler e “comer” a Palavra (Ezequiel 3:1-3), mas com os olhos do Espírito, assim assimilando Seus muitos ensinamentos; isso, na verdade, é uma forma de sentar-se aos pés do Mestre e ouvir Sua voz. Não sejamos escravos das muitas letras, das obrigações e das extensas doutrinas de igrejas que, em sua grande maioria, são anti-bíblicas.
Ser ponderado e equilibrado é a vontade de Deus para a vida de Seus servos. Ele não veio para colocar jugo sobre ninguém; veio para tirar os fardos pesados. Contudo, diversas igrejas não têm entendido essa palavra e agem exatamente ao contrário. Algumas impõem regras, como a proibição de as mulheres cortarem os cabelos, de usarem roupas curtas, de homens e mulheres sentarem-se juntos, ou de se maquilarem. No extremo oposto, há aqueles que consideram tudo aceitável e não repreendem seus membros quando usam roupas indecentes, maquiagem pesada e outras práticas comuns aos ímpios. A vontade de Deus é que haja equilíbrio nessas questões, tirando o jugo pesado e vivendo na simplicidade segundo Sua vontade.
Além disso, existem aqueles que são mestres em autojustificação. Quando ouvem ou leem a verdade, correm para seus lares e, diante dos homens e de Deus, buscam justificativas plausíveis para seus erros. A esse respeito, o Senhor adverte:
“Não tentarás o Senhor teu Deus.” (Mateus 4:7).
Cuidado para não tentar encaixar o pecado na sua vida diante do Senhor. Por um tempo limitado, estamos vivendo nesta terra, em meio ao agir do maligno, mas além da ordem de não nos contaminarmos com práticas ímpias, o Senhor nos diz que devemos observar todas as coisas e colher o que é bom.
A gratidão deve encher nossos corações e ser o que deve sobressair; a ingratidão não deve fazer parte do nosso viver. Quem recebe algo, seja o que for, não deve ser ingrato. Se alguém recebe uma roupa usada, por favor, não seja ingrato; se recebe uma nova, muito menos. Se outro recebe um vidro de remédio, não deve presumir que tem a obrigação de retribuir, mas deve ser grato. A ingratidão machuca e dói ao Senhor. Lembre-se de Seus muitos benfeitores, honre-os e faça algo por cada um deles.
A rebeldia é condenada. Veja:
“Guarda-te diante dele, porque não perdoará a vossa rebeldia.” (Êxodo 23:21).
Veja também Jeremias 28:16. Há muitos rebeldes na igreja: homens guiados por seus próprios desígnios, pastores que preferem escutar mestres terrenos a dar lugar ao Espírito Santo, e aqueles que perseveram em caminhos pecaminosos, mesmo convictos dessa situação. O lugar que os aguarda “arde em chamas”.
Para concluir, vejamos o que o Senhor diz sobre o que temos, nossas posses:
“Contentando-vos com o que tendes; porque Ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.” (Hebreus 13:5).
De quem é a culpa pelos desacertos em nossas vidas? Somente nossa. Erramos porque não consideramos a vontade do Senhor. Na maioria das vezes, a vida se torna um caos; não crer na direção divina e não buscá-la, faz com que façamos tudo com nosso próprio entendimento, e geralmente as consequências são graves. Vivemos em um mundo espiritualizado, dirigidos por espíritos malignos, e jamais teremos vitória se formos de peito aberto. Precisamos estar cheios do Espírito Santo, vivendo no equilíbrio, para podermos dar passos seguros e firmes.
De quem é a culpa dos muitos débitos?
Apenas do homem que não soube ouvir a voz do Senhor, que diz:
“Contentai-vos com o que tendes.”
E se lançou loucamente na armadilha financeira do maligno.
Igreja, volte-se para o Mestre; seja simples como Ele é, e verás a Sua glória!
Diz o Senhor. Amém!
Pr Elias RIOS