No meio cristão, há uma preocupação excessiva com a formação teológica dos postulantes a líderes (pastores, evangelistas, missionários, etc.), a ponto de, em alguns casos, não aceitarem a autoridade de homens ungidos pelo Espírito Santo, pois este não concede diplomas aos chamados para exercer qualquer ministério.
Refleti sobre a autoridade daqueles que não reconhecem o chamado e a unção de pessoas simples, que se tornam pastores, evangelistas, missionários ou exercem qualquer outro ministério. Cheguei a um ponto comum a todos: o início.
É do conhecimento geral que nosso Senhor Jesus Cristo não deixou nenhuma igreja constituída como as conhecemos hoje, tampouco deixou escolas específicas para a formação de líderes.
Como, então, surgiram as igrejas? Os seminários? A obrigatoriedade de o líder frequentar uma escola especial? A formação teológica? E outros aspectos semelhantes?
É certo que alguém fomentou essa ideia, e o tempo se encarregou de fazê-la chegar até nós como a conhecemos. Entende-se, portanto, que os criadores das primeiras igrejas eram pessoas comuns, sem qualquer formação religiosa. Se alguns foram ungidos séculos atrás, novas unções são igualmente válidas nos dias atuais.
Seria, então, irracional questionar a validade dos “ungidos do Senhor” (pastores, evangelistas, missionários, mestres, etc.) que não possuem formação teológica em nossos dias.
Os apóstolos que seguiram Jesus são exemplos máximos. Desempenhavam ocupações diversas (pescadores, médicos, coletor de impostos, etc.), não possuíam formação religiosa, não foram obrigados a estudar leis e filosofias, mas foram escolhidos para acompanhar o Senhor. E mostraram ao mundo o verdadeiro amor! Foram instruídos a serem homens santos, puros e cheios de fé; dispostos a morrer, se necessário, em defesa de sua confiança no Mestre Jesus, muitos deles experimentaram essa glória.
A Bíblia nos mostra que todos os grandes líderes eram pessoas comuns, chamadas e comissionadas a fazer a obra, como por exemplo:
Abraão: Filho de uma família pagã, idólatra. Foi chamado e instruído por Deus na solidão do deserto, tornando-se o pai da fé.
Moisés: Instruído em todas as leis egípcias. Quando encontrado por Deus, abriu mão de tudo e deixou-se encher pelo Espírito Santo. Suas obras são conhecidas por todos.
Davi: Originalmente um pastor de ovelhas, foi ungido rei e se tornou um homem segundo o coração de Deus.
Paulo: Quero me deter um pouco mais na vida deste homem. Ele era profundamente versado na Lei, tendo estudado aos pés do mestre Gamaliel (um doutor da lei judaica, fariseu). Recebeu toda uma instrução que o capacitava a ser também um mestre da lei (At 22.3; 23.6,5; Fp 3.5; Gl 1.14). Ao escrever uma carta ao povo de Corinto, ele faz uma revelação surpreendente, afirmando que abriu mão de todo o conhecimento que tinha, destituiu-se da arte da oratória, excluiu a sabedoria e esqueceu-se de tudo! Afirma que toda a sua pregação foi feita em meio à fraqueza e grande temor. No entanto, em meio a essas palavras, estava o poder e a manifestação do Espírito de Deus! (1Co 2.1-5).
Qual era a unção que Paulo tinha da igreja? Nenhuma! O que ele cultivava em seu coração, após o chamado, era o amor a Deus, e esse amor o constrangia a viver em total santidade. Ele sufocava as inclinações da carne. O resultado é visível: usado pelo Espírito, escreveu inúmeras cartas que conduzem o homem a seguir os mesmos passos que ele deu (Fp 3.17).
Amado, desejas também ser um gigante na obra de Deus, a exemplo de Paulo? Isso é possível para aqueles que se dispuserem a pagar o preço exigido. É necessário morrer para o mundo e seus apelos, e “buscar em primeiro lugar a vontade do Eterno para a vida” (Mt 6.33; Lc 12.31).
Antes de qualquer grande obra, os escolhidos do Senhor são chamados à santificação. Ele exige que seus servos sejam santos (Lv 11.45; 20.7; Ef 5.8; Cl 3.12; Rm 12.1). Essa condição os valida como instrumentos em Suas mãos. Sabemos que, quando somos usados, é o Espírito de Deus que nos capacita para a obra. “Porque o Espírito Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as coisas que deveis dizer” (Lc 12.12; veja também At 16.6,7; Gl 5.16). É fato que o Espírito usa apenas aqueles que estão limpos e procuram viver em santidade diariamente. Vale frisar que a santidade não é um estado de vida; na verdade, é uma condição.
Antes de toda grande obra, é exigida a santidade: “Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5).
Se é seu desejo ser um instrumento nas mãos do Senhor, deves iniciar pela consagração real de sua vida no altar, eliminando todos os desejos e atos contrários ao proceder de um homem segundo Jesus. Permanecer em ações errôneas incapacita o servo de ser um vencedor na batalha contra as forças do mal, mesmo que tenha formação acadêmica!
Disse o Senhor a Josué: “Há coisas condenadas no vosso meio, ó Israel: aos vossos inimigos não podereis resistir enquanto não eliminardes do vosso meio as coisas condenadas” (Js 7.13). É indispensável que a vida seja totalmente revista, analisada, e que tudo o que representa condenação seja retirado e jogado no fogo da purificação. Nenhuma brecha deve existir, e todos os canais abertos que podem ser usados pelo maligno devem ser extintos.
Se o seu desejo é servir a Deus, o primeiro passo é a santificação!
A santidade é necessária para:
- Pregação: Lc 12.12
- Adoração: Sl 24.3,4
- Comunhão: 2Co 5.15
- Na obra: 2Tm 2.21
- Na Vida: 1Pe 1.16; Hb 12.14
(Veja mais: Jo 17.17; Ef 5.25-27; Hb 7.26; Rm 8.29; Is 35.8; Sl 24.3,4; Ef 5.5; Hb 12.14; etc.)
Esteja preparado para o embate contra as forças do mal. O homem que se entrega e santifica totalmente ao Senhor torna-se como um “farol”, visível a grandes distâncias pelas forças do mal; logo, elas se organizam e, com grande furor, tentam apagá-lo. A promessa do Senhor para você é: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7), e você verá a vitória!
Afinal: “Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is 40.31). É preciso agarrar-se ao Senhor com todas as suas forças para sair vitorioso na batalha do dia a dia. Mais que vencedores, seremos na obra do Senhor!
Se deseja servir a Deus, sua “preocupação” inicial não deve ser com o homem, com a formação acadêmica ou coisas semelhantes; antes, deposite todos os seus anseios e desejos nas mãos do Eterno. Consagre-se a Ele e verá que o amor de Deus é imenso para com todos, especialmente àqueles que santificam suas vidas a favor do Seu querer. O Espírito de Deus o ungirá no tempo oportuno para desempenhar a obra.
Não sou contrário aos estudos teológicos; apenas os considero dispensáveis para uma vida santa e usada por Deus!
Pr Elias Rios
