Conceito de sucesso ministerial à luz da chamada e conseqüente ministério de Jeremias. Jeremias foi rejeitado, perseguido e preso. A aparente defesa de Jeremias em prol da política de submissão à Babilônia trouxe-lhe o ódio do povo que esperava ouvir mensagem mais aprazível, como a anunciada pelos falsos profetas da época que profetizavam paz quando não havia paz. Jeremias também falava contra esses falsos profetas. Sua chamada consistia na missão de proclamar continuamente para Israel que Deus faria cair uma terrível desgraça sobre a nação como castigo. Jeremias cumpriu o propósito de Deus para o seu chamado, portanto podemos afirmar que ele cumpriu satisfatoriamente e com pleno êxito o ministério que O Senhor lhe propôs.
Um ministério bem sucedido pode trazer toda sorte de desprezo, perseguição calúnias como ocorreu com Cristo e com o apóstolo Paulo a quem também somos encorajados a imitar. O ministério de Jeremias (pelo conteúdo da mensagem que ele trazia) e as conseqüências humanas que esse ministério trouxe não eram de forma alguma agradáveis a ele ou a qualquer mensageiro, tanto que haviam profetas proclamando o oposto por sua própria conta. Contudo o verdadeiro servo de Deus obedece aos desígnios de Deus independente destes lhe trouxerem honra na terra ou não, de lhe trazerem benefícios ou malefícios, vida longa ou morte instantânea. O sucesso ministerial é medido em termos de proclamação da verdade, pois Cristo é a verdade. O ministério bem sucedido é aquele da fidelidade a Deus que traz como conseqüência o desejo e concretização de anunciar unicamente à Sua mensagem sem dela acrescentar ou retirar. O padrão de sucesso ministerial tanto para o profeta como para o pastor, o mestre e outros é cumprir cabalmente o propósito de seu chamado específico à luz da Palavra do único Deus vivo.
O servo de Deus precisa abrir os ouvidos para ouvir de Deus a definição de seu chamado e dessa forma saber qual a sua missão diante de Deus. É necessário deixar Deus chamar, capacitar e orientar no exercício diário desse ministério. A partir da visão do ministério Deus proverá a força renovadora para andar e enfrentar ataques, até mesmo os absurdos e vencendo-os prosseguir por conhecer o Seu Senhor, ouvir a Sua voz e prosseguir rumo ao alvo por Ele determinado para a sua carreira cristã. Jeremias pôde presenciar ‘suas profecias’ se cumprirem: o rei Nabucodonossor destruiu o templo levou parte do povo e o rei de Judá prisioneiro à Babilônia. Contudo, isso também não pode ser entendido como sinal de que seu ministério foi bem sucedido: o cumprimento da mensagem do profeta ou servo de Deus, mas essa e toda a mensagem de Jeremias se cumpriu completamente porque ele era um profeta de Deus que propagava a mensagem de Deus (17:16). Quanto ao resultado da mensagem pregada por Jeremias, não foi choro e arrependimento, nem de mudança de coração e atitude, ou seja não trouxe resultado visível aos olhos humanos nem em termos de quantidade e nem de quantidade. As pessoas não ‘caíram diante de Deus’ em razão da poderosa unção do profeta, antes continuaram em seus caminhos tortuosos e escutavam os ‘profetas’ que diziam aquilo que desejavam ouvir e desprezavam os dizeres do servo de Deus, como conseqüência o castigo foi recebido conforme anunciado.(17:15,23; 18:12; 22:17, 23:13).
Além disso, o próprio Jeremias teve um coração repleto de tristeza e dor pela dureza da mensagem que anunciava. (20:14-18) A ‘alegria’ não era um fruto visível ou sensível na vida do profeta (20:9), mas antes a paz e o consolo de Deus o acompanhavam (20:12,14). As autoridades e o povo de Israel não receberam bem as mensagens de Jeremias (23:33; 43:2-3 Lm. 3:13-15; Lm, 3:14). ‘Fé nem sempre é acreditarmos na libertação de uma opressão ou cura de uma enfermidade e sim entendermos que determinadas dificuldades estão de acordo com os planos de Deus para nossa vida, quer sejam para correção, exortação, edificação ou nova revelação de Seu poder e graça e então submetermo-nos à sua soberana e sábia vontade’ Ver Jeremias cap. 21. Quando encontramos a definição de fé em Hb 11:1: ‘Ora a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.’ Observando esses versos dentro do contexto do livro de Hebreus e do próprio Novo Testamento, entendemos que se referem à ardente expectativa pelo retorno de Jesus e do estabelecimento do Reino de Deus. Certamente a fé não é a certeza de que aquilo que você deseja vai se realizar e não é isso o que a Bíblia ensina.
Nos versos de Hebreus está embutido que os cristãos esperam pelas realidades eternas e tem plena convicção de que o plano de Deus está caminhando para o seu pleno cumprimento. Isso faz parte da realidade invisível aos olhos naturais, que porém temos certeza. Ora, como podemos ter convicção dessas coisas se nossos sentidos naturais (visão, audição, tato, olfato e paladar) não as discerne? Temos de Deus revelação, nessa revelação cremos e isso se chama fé. A fé que se concentra no objeto de desejo natural e coloca em 2o. plano o próprio autor e doador da vida e dessa mesma fé não é a fé bíblica pela qual muitos sofreram perseguições, martírio e morte. Esse tipo de crença na qual o objeto do desejo assume a posição central de importância e que deve se tornar real pelo poder de um pedido a Deus, de uma declaração de ordem verbal ou materialização de um pensamento pode ser chamado de pensamento positivo crença no poder mental, misticismo universal, deificação do Homem ou qualquer outra coisa menos fé cristã, pois constitui-se em análise última, de uma idolatria e os idólatras não tem parte no Reino de Deus.
É bem verdade que através da fé tudo pode se tornar possível. O próprio Cristo afirmou ‘Tudo é possível àquele que crê.’ Mc. 9:23, ‘E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso o farei…’ Jo 15:16 E, ‘Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda e disserdes a este monte ergue-te.assim acontecerá e nada vos será impossível.’ Mc. 11:23. É importante, no entanto, entendermos como isso se processa. As palavras-chave dos versos acima citados são: ‘crer’, ’em meu nome’ e ‘fé’. Analisemos, então, a relação de ‘fé’ e ‘crer’ com o ’em Meu nome’. Ao afirmar que em Seu nome tudo o que fosse pedido aconteceria Cristo estava Se colocando no centro da fé. O que equivale a dizer que Ele é a verdadeira fé e que essa fé O honra e serve. O propósito da fé não é se ajustar ao desejo e satisfação de necessidades do Homem caído, mas sim restaurar esse Homem para que ele compreenda que Deus é o centro e a razão de toda a criação e que a verdadeira fé assim como todas as demais coisas presentes no Universo existem para serví-Lo e honrá-lO.
Entendemos, assim, que a vontade dEle e os planos dEle são superiores a todas as necessidades e desejos das pessoas e essas através da fé devem se colocar sob o Seu domínio já no momento presente. Todos os nossos desejos e necessidades, então, se submetem a Ele, passamos a desejar ardentemente coisas espirituais e pedir por elas, entramos em sintonia com os planos de Deus e dessa forma podemos pedir o que quisermos, nos moldes de Jesus: ‘E o que direi, livra-me dessa hora, mas a isso vim a essa hora. Glorifica o Teu nome’. Certamente Deus pode curar, prosperar, exaltar e realizar todos os desejos do coração humano. E Ele O fará de acordo com os Seus planos e com Sua soberana vontade. Nem sempre fará, não está obrigado a fazer, e muito menos está submetido ou Se sentirá pressionado por um qualquer tipo de arrogância carnal pretensamente entendida como fé. ‘Por quem os sinos dobram?’ Não te iludas. Os sinos da terra podem até chegar a dobrar por ti por um instante, porém se isso acontecer não creia neles. Eis que te enganam, pois os sinos de todo o Universo juntamente com todos os sineiros e transeuntes estão destinados a dobrar somente para um e esse um é Deus, somente Deus.
Pastor Jose Waldecy
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