Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1 Timóteo 1:15). A salvação é algo pessoal. Cada um de nós é conclamado a arrepender-se e aceitar o Salvador, “para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Porém, uma vez salvo, o crente não está destinado a trilhar seu caminho solitário. Talvez isso até fosse mais fácil em certo sentido, porém não é esse o propósito de Deus: “Jesus estava para morrer … para reunirem um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos” (João 11:51-52).
“O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (João 10:11). Algumas dessas ovelhas estavam fechadas no aprisco, figura dos judeus encerrados nas ordenanças, nos mandamentos da lei e nas tradições. Jesus, entretanto, chama essas Suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. Depois vai adiante delas, e elas o seguem” (João 10:34).
Havia ainda “outras ovelhas”, aquelas provenientes dos gentios, que jamais se haviam relacionado com Deus e não são “deste aprisco”. Acerca delas, Jesus disse: “A mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” (João 10:16).
As ovelhas do aprisco tinham sido mantidas juntas por um valado. Agora, porém, que o rebanho é conduzido para fora, o que mantém as ovelhas juntas e unidas é aquilo que constitui o centro delas: o Pastor (Jesus).
Jesus não viera para revelar o mistério da igreja, apesar de aludir a ela nessa passagem (Ele diz que judeus e gentios seriam reunidos). Seria necessário que Paulo escrevesse sua epístola aos Efésios e desse a conhecer esse mistério que lhe fora revelado, a saber, “que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (Efésios 3:6). Esse corpo, do qual Cristo é a cabeça (Colossenses 1:18), seria formado com a vinda do Espírito Santo, pelo qual todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres” (1 Coríntios 12:13). O evangelho continha o embrião daquilo que, depois, seria revelado nas epístolas. Agora sabemos que “todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo”. É a diversidade na unidade (1 Coríntios 12:12).
É-nos dado reunir-nos como ovelhas de um mesmo rebanho. Cada um conserva sua personalidade; e, quanto mais próximo do pastor estiverem as ovelhas, mais próximo estarão umas das outras.
Todavia, ser membros de um corpo é um aspecto ainda bem diferente: é ser parte integrante de um organismo vivo. “Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve” (1 Coríntios 12:18). Não se trata, portanto, de estabelecermos uma organização com estatutos e profissão de fé, nem de reiterarmos prescrições a serem seguidas, mas simplesmente de reunir-nos porque o Senhor e Seu Espírito nos juntaram, sendo Ele mesmo o elemento central:
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18:20). Observemos que não é dito “onde se reunirem”, mas “onde estão reunidos”. Portanto, eles foram conduzidos a estar juntos ao redor do nome de Jesus”. A unidade é um fato, e é produzida pelo Espírito Santo. Na prática, porém, verificamos que apenas uma parcela limitada dos crentes se reúne sobre essa base (a unidade do corpo de Cristo). Ainda assim, se estes apreciarem no coração a realidade de que, para Deus e para o Senhor Jesus, todos os membros do corpo são um. pode-se-lhes dizer, como aos coríntios: Ora, vós sois corpo de Cristoe, individual-mente. membros desse corpo (1 Coríntios 12:27).
Pois bem. Como, então, numa determinada igreja local, alguém pode vir a ser auxílio, e não empecilho? Consideremos o assunto sob três aspectos distintos:
1) Nossas palavras
2) As atitudes tomadas e a atmosfera criada por elas
3) O ministério (aspecto prático, não doutrinal)
1) Nossas palavras
Nossas palavras traduzem o que Deus vê em nosso coração:
“ homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:45).
A língua pode ser um freio para a expressão dos pensamentos que sobem do coração. Por timidez ou por excessiva reserva, não se ousa dizer o que é bom. A língua também pode refrear coisas más, porém infelizmente só por algum tempo; um dia os maus pensamentos hão de se manifestar. Por isso é importante perceber a tempo os maus pensamentos, e confessá-los a Deus sem demora.
O contentamento:
“Contentai-vos com as coisas que tendes” exorta-nos Hebreus 13:5. O Senhor fez promessas; se nos apropriarmos confiadamente delas, diremos: “0 Senhor é o meu auxilio” (v. 6) —estaremos contentes e gratos a Deus. Estas são atitudes que também deveríamos ter na igreja. Apesar das muitas fraquezas, todo alimento espiritual dado pelo Senhor pode ser desfrutado. E assim, em meio às diversas circunstâncias que se apresentarem, saberemos apreciar o bem que Sua graça vier a operar.
Que atitude de coração manifestam as nossas palavras nestas reuniões da igreja? Todo aquele que está contente em meio das circunstâncias nas quais Deus o colocou, contente com o gozo que experimenta junto com os irmãos na presença do Senhor, será de grande auxílio para a igreja. Se, por outro lado, se comprazer em “falar mal de um irmão” (Tiago 4:11), quantas dificuldades não estará provocando! E qual a origem dessas recriminações e insatisfação? Não estaria no fato de nos compararmos muito com os demais, tanto no aspecto material como na posição ocupada nessas reuniões?
Como nos comportamos:
Assemelhamo-nos à sociedade secular, onde os descontentes estão em constante disputas e rixas? Ou, ao contrário, contribuímos para a manutenção da paz na igreja? Tiago acrescenta: Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados” (5:9). Vigiemos, pois isto é fruto de um processo.
As murmurações agitam, primeiro, nosso interior: nosso espírito opõe-se contra determinado irmão ou irmã, ou alguma atitude coletiva que foi tomada; e então procuramos argumentos para nos assegurar que temos razão. As queixas mantidas em silêncio vão se acumulando até que, finalmente, são lançadas em rosto. Quanto empecilho uma atitude como essa pode suscitar numa igreja!
Cobrir (1 Pedro 4:8; Tiago 5:20)
Maledicências (1 Pedro 2:1)
Aqui não se trata de considerar um mal grave na igreja como se não existisse, imaginando que seria de algum auxilio acobertar o mal. Primeira aos Coríntios 5 nos ensina sobre isso. Por outro lado, somos exortados a não proclamar aos quatro ventos o mal que conhecemos na vida de um Irmão: “Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá” por ele (1 João 5:16). Não se trata aqui da morte eterna, mas da física ou moral sob a disciplina de Deus. Se alguém está consciente do erro do irmão deve interceder para que o Espírito de Deus aja no coração dele, convença-o do pecado e conduza-o à confissão (1 João 1:9). O propósito é “ganhar o irmão”, segundo Mateus 18:15.
Surge uma disputa entre dois irmãos. Não se falam mais nem sequer se cumprimentam, mas cada um vai queixar-se a outros irmãos do mal que o outro fez. Um irmão “fiel” (Filipenses 4:3) sentirá a necessidade de promover um encontro entre as partes ofendidas a fim de pôr em prática Tiago 5:16, que diz:
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros”.
Dessa maneira a comunhão pode ser restabelecida pela graça de Deus. É o que Pedro nos ensina:
“Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4:8)
Pode-se dizer que a maledicência é uma praga entre os cristãos. Maldizer não é inventar o mal, mas divulgá-lo. Caluniar, por outro lado, é dizer mentiras ou exagerar. Em ambos os casos, o propósito por detrás é muitas vezes colocar-se a si mesmo numa situação favorável! Provérbios 18:8 nos diz: “As palavras do maldizente são doces bocados que descem para o mais interior do ventre”.
A maledicência, e mais ainda a calúnia, pode desacreditar ou desanimar um irmão e prejudicar o seu serviço aos olhos dos demais. Se o inimigo não consegue desacreditar o ensino de um irmão por estar de acordo com a Palavra de Deus, faz com que se fale mal de sua pessoa.
Os inimigos do apóstolo Paulo diziam: “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra, desprezível” (2Co 10:10).
E por isso que 1 Pedro 2 insiste que, antes de falarmos em oferecer “sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”, temos de nos despojar “portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências” (v. 5 e 1). Qualquer individuo que persista recusando-se a fazer isso, não poderá exercer seu “sacerdócio santo” (v. 5) “no Espírito” (Filipenses 3:3). E o “sacerdócio real”, cujo propósito é proclamar “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9) fica desacreditado.
Provérbios 15:1 nos diz que “a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Juizes 8:1-3 lembra-nos de que a resposta conciliadora de Gideão aplacou a ira dos homens de Efraim, enquanto, em Juizes 12:1-6, a violência de Jefté conduziu à guerra civil.
Alguns se gloriam de tirar o argueiro que está no olho do irmão (Mateus 7:3-5). O Senhor, porém, diz: “Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão”. Facilmente censura-se um irmão por um erro de pouca importância, sem perceber que o próprio acusador, por sua atitude de superioridade, está longe de imitar o Mestre.
Consideremos, entretanto, o lado positivo de nossas palavras:
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Efésios 4:29). Cl 4:6 é categórico:
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”. Temos muita necessidade de pedir ao Senhor que nos ajude a dizer palavras que sejam de auxílio, não de empecilho, tanto para os nossos irmãos como para o evangelho (João 4:39).
“De toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo” (Mt.12:36).
2) Nossas atitudes e a atmosfera que elas criam
Alegrar-se e chorar (Romanos 12:15)
Romanos 12:15 nos admoesta: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”. Que auxílio essa atitude pode proporcionar! E mais fácil chorar com os que choram, com os que sofrem de uma doença grave ou com os que estão de luto, do que se alegrar com os que se alegram, pois isto requer total ausência de egoísmo ou inveja. Quão encorajador é para um jovem casal poder sentir a comunhão de muitos irmãos no momento da oração e da apresentação da Palavra de Deus na reunião que acontece durante seu enlace matrimonial!
Mais sublime ainda é alegrar-nos com o Pastor que encontra sua ovelha perdida e diz a seus vizinhos: “Alegrai-vos comigo” (Lucas 15:6). Ou, como disse o apóstolo João: “Fiquei sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus filhos os que andam na verdade” (2 João 4). Devemos manifestar alegria, e não reservas ou até mesmo dúvidas, ao vermos quando jovens dão os seus primeiros passos no caminho da fé e procuram seguir o Senhor. Pelo contrário, vamos auxiliar essas pessoas no Senhor e, se oferecer-se uma ocasião, ensiná-las conforme permitir a capacidade delas (Marcos 4:33).
Freqüência regular ás reuniões (Hebreus 10:25)
Costume de abandonar ou desamparar (Demas —2 Timóteo 4:10)
Hebreus 10:24-25 nos diz:
“Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”. Essa exortação vem quase imediatamente após a menção da plena “ousadia” que temos para ‘‘entrar no santo dos santos” (v. 19 e 22). Trata-se de um privilégio desconhecido para o Israel de outrora, quando só os sacerdotes podiam entrar no primeiro santuário para realizar os serviços sagrados, e o sumo sacerdote, sozinho, uma vez ao ano, podia entrar no santuário interior (9:6-7,25). Hoje nós, sendo lavados, justos, perfeitos, entramos no santo lugar na plena luz da face de Deus.
De onde procede o costume, muito comum, de não visitar regularmente as reuniões? Tudo depende do uso de nosso tempo. Os jovens dirão que os estudos lhes consomem todo o tempo. Contudo, são poucos os períodos da vida mais proveitosos do que os que são passados nas reuniões. Quando chega o casamento, os filhos e as obrigações profissionais, necessitamos de ainda mais energia para nos congregar. A freqüência regular não traz benefícios apenas para o próprio indivíduo, mas acaba sendo um auxílio e alento para outros irmãos e irmãs. Os espinhos (da parábola de Mateus 13:7) — que são o excesso de trabalho, as preocupações, a cobiça mundana — podem sufocar a jovem planta que começa a se desenvolver (Mateus 13:7), distanciando também os crentes das reuniões. Esse foi o caso de Demas, que amou “o presente século”, “abandonou” o apóstolo e foi para Tessalônica (2 Timóteo 4:10). Quais foram os seus motivos? Sejam quais forem, sua ida para lá certamente não reverteu para os irmãos no mesmo encorajamento que a visita de um Timóteo em outra ocasião (1 Ts 3:2,6).
Saibamos agradecer ao Senhor pelos irmãos e irmãs com os quais o Senhor nos ajuntou. E que a nossa interação com eles aconteça com alegria e amor aos santos (Hebreus 6:10), sabendo nos suportar e perdoar uns aos outros segundo o modelo de Colossenses 3:12-13: “Como o Senhor vos perdoou”, sem preferências por indivíduos (Tiago 2:1-4), nem raiz de amargura (Hebreus 12:5).
Mateus 18:28-30 continua valendo hoje! Quando não se trata de aspectos doutrinários fundamentais, às vezes é necessário aceitar algumas diferenças. Os costumes locais também devem ser levados em conta, e há que se considerar que algumas pessoas ainda não tenham progredido ou adquirido certos conceitos. Podemos, sim, colaborar para que a falta de conhecimento dos que recentemente foram conduzidos ao Senhor seja atenuada. “Se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos” (Filipenses 3:15-16; Romanos 14).
O acolhimento:
Paulo sente grande alegria e consolo no amor de Filemon, “porquanto o coração dos santos tem sido reanimado por teu intermédio” (Filemon 7). João disse a Gaio: “Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos … os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus” (3 João 5-6).
Acolhamos com alegria os que ainda não conhecem mas que desejam aproximar-se do Salvador; recebamos também os fracos na fé, “não, porém, para discutir opiniões” (Romanos 14:1). Saibamos encorajar e fortalecer um jovem que deseja participar da mesa do Senhor, e não o façamos esperar um tempo desnecessariamente longo antes de permitir-lhe que ocupe o lugar que o Senhor adquiriu para ele.
Vemos em 3 João 9-10 um Diótrefes que certamente não foi auxílio nenhum na igreja. Queria ser o primeiro, não recebia os irmãos e proibia os que queriam recebê-lo. Que empecilho na igreja!
3) Nossa atitude em relação ao ministério
Deus confiou dons a alguns servos escolhidos para a edificação e o cuidado da igreja. Trata-se, conforme Romanos 12, de diferentes dons da graça concedidos “segundo a graça que nos foi dada” (v. 6). Estes devem ser exercidos “segundo a medida da fé” que Deus reparte a cada um (v. 3). Efésios 4 diz que o Cristo ressuscitado e assunto aos céus confere dons aos homens, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos”, para que empreguem estes dons para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”, e para que todos “não mais sejamos meninos inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina”. Mas é também o corpo inteiro” que “segundo a justa operação de cada parte efetua o crescimento do corpo (v. 12, 14 e 16). Depois, em 1 Coríntios 12, lemos que o Espírito Santo concede uma diversidade de dons da graça, “visando a um fim proveitoso”. A manifestação do Espírito é concedida a “cada um” (v. 7).
Por outras palavras: “Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve” (v. 18). “Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra aquilo que menos tinha, para que… cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros” (v. 24-25). E, por fim, Deus dispôs diversos dons na igreja, dons esses que cada um é chamado a exercer em amor (1 Coríntios 13), pois sem o amor nada tem valor (1 Co 13).
Que atitude devemos tomar diante desses dons da graça?
Em primeiro lugar, reconhecer “os que trabalham entre vós … e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam” (1 Ts 5:12-13).
Não devemos, portanto. menosprezá-los, como alguns corintios faziam em relação ao apóstolo Paulo (2 Coríntios 10:10). Depois, também não menosprezemos o ministério desses irmãos; por exemplo, no caso do ministério escrito que o Senhor nos deu, vamos lê-lo com atenção e valorizá-lo.
Em Atos 11:23, Barnabé chega a Antioquia. Não chega como um investigador crítico; pelo contrário, ao ver “a graça de Deus, alegrou-se”. Estava grato pelo bem que Deus lhes fizera e, primeiro sozinho, posteriormente com Saulo, exortou os crentes a permanecerem fiéis ao Senhor com firmeza de coração. Depois disso, uma grande multidão se une ao Senhor. Finalmente, os dois ensinam todas essas pessoas. Esses servos foram de inestimável auxílio no início do cristianismo e ao longo de sua história apresentando a Palavra de Deus. Segundo 1Pe 4:10, os dois empregavam o dom da graça que haviam recebido. Cada um é convidado a fazer o mesmo, “como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”, não para glorificar a si mesmo, mas para receber a “força que Deus supre”, com o propósito de que “seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo” (v. 11). Vejam que a expressão “cada um” se repete várias vezes nessas passagens; examinemo-nos, então, se estamos sendo um auxílio aos nossos irmãos consoante ao ‘limite da esfera de ação que Deus nos demarcou” (2 Coríntios 10:13).
Em contrapartida, podemos também apagar o Espírito Santo (1Ts 5:19), seja falando em momentos inoportunos, seja calando quando o Espírito nos impulsiona a dizer algo, ou seja desprezando o que o Espírito queira comunicar por meio de um outro instrumento que lhe aprouve usar.
O servo é chamado primeiramente a apresentar-se a si mesmo como “padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível” (Tito 2:7-8). Desse modo será verdadeiro auxílio para seus irmãos, em contraste com outros que pregam doutrinas divergentes da que o apóstolo ensinou. Pregar ensinamentos falsos é muito grave, e a maldição de Deus recairá sobre todo aquele que acrescentar algo ao evangelho ou corrompê-lo: “Se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gálatas 1:8-9). “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa” (2 João 10). Homens assim não são somente empecilho, mas perigo real, pois podem falsificar a Palavra de Deus e fazer até Seus verdadeiros servos tropeçar.
Lembremo-nos também de que entre os dons enumerados no final de 1 Coríntios 12, existe o de “socorros” (v. 28). Este diz respeito aos irmãos ou irmãs que com singeleza respondem ao que Deus lhes confiou e são bênção para os que estão à sua volta.
As profecias e a ciência acabarão, mas o amor nunca deixará de ser. Este, “jamais acaba” (1 Coríntios 13:8).
- André